biblioteca da estação
em construção
O jardim central foi concebido como o núcleo sensorial do projeto, abrigando exclusivamente espécies vegetais de forte difusão aromática, capazes de transformar o percurso cotidiano em experiência sensível e memorável. Essas espécies, além de exigirem baixa profundidade de solo e pouca manutenção, contribuem para o conforto ambiental e a biodiversidade local, atraindo polinizadores e promovendo microclima mais fresco. O jardim se torna, assim, um gesto de hospitalidade: uma biblioteca sensorial ao ar livre, onde o saber se entrelaça com o ar.
O platô com vegetação isolada e sem acesso direto ao público pode ser reinterpretado como um buffer paisagístico, funcionando como barreira visual, climática e simbólica entre o miolo do pátio e a borda edificada. Além de amenizar a radiação sobre a laje e contribuir com sombreamento indireto, esse espaço reforça a ideia de camadas entre o espaço cívico e o volume construído, atuando como transição verde que protege, qualifica e silencia visualmente o entorno imediato.
Sobre a laje do estacionamento, onde o solo raso impede o plantio direto, foi criado um sistema de espelhos d’água com 20 cm de profundidade, organizados em lâminas paralelas que permitem a travessia do público entre elas. Essa composição transforma a limitação técnica em gesto paisagístico: os planos refletem céu, árvores e movimento, ativando o pátio como espaço sensorial e de permanência leve.
Além do valor simbólico, os espelhos contribuem para o microclima local por evapotranspiração, reduzindo a temperatura superficial da laje e ajudando no conforto térmico do térreo e entorno imediato. A água, aqui, não é apenas cobertura — é infraestrutura climática e poética.
O acesso escalonado por seis platôs com desnível de 1,625 m cada resolve os 9,75m totais com rampas acessíveis (≤ 8,33%) e escadas curtas intercaladas, criando uma transição suave entre cidade e edifício. Cada platô funciona como pausa ativa no percurso, articulando infraestrutura e paisagem com clareiras de estar, vegetação inclinada e visuais controlados, transformando o deslocamento em experiência cívica e simbólica.

